Andar tranquilamente na rua, usar transporte público sem medo, caminhar no parque à noite completamente relaxado sem a necessidade de observar tudo em volta, optar por ir andando a lugares próximos independentemente da hora… Você sabe o que é isso? Você já experimentou viver isso?
É fato que a violência vem aumentando nos grandes centros urbanos e nós acabamos, até sem perceber, começando a alimentar o pensamento de “quanto maior o lugar, mais violento ele é”. Mas o que falar do alarmante aumento nos números de delitos também em cidades menores? Não é preciso muito esforço para entender que o crescimento urbano desenfreado, aliado à ineficiência da oferta de serviços de segurança, tem contribuído muito para este cenário.
Há pouco menos de dois anos, o Brasil figurou em um dos rankings da Segurança, Justiça e Paz – uma sociedade civil mexicana – como o país com o maior número de cidades (17) entre as 50 áreas urbanas mais violentas do mundo. Chocante, não é?! Não é por acaso que essa sensação de medo tem assombrado cada dia mais a população. Em contrapartida, alguns lugares do mundo e também aqui da nossa terra têm alcançado objetivos importantes no que se refere ao combate à violência… Sinal mais do que evidente de que um bom trabalho realizado pelos governos em sintonia com a sociedade pode transformar essa realidade e redesenhar um futuro mais seguro para todos!
Anualmente, o Safe Cities Index – estudo da consultoria Economist Intelligence Unit – ranqueia as cidades mais seguras do mundo. O relatório se baseia em 57 indicadores, que vão desde segurança pessoal, passando por saúde e infraestrutura, até segurança digital. Para quem acompanha essa publicação há mais tempo, não houve surpresa nos nomes que ocuparam as primeiras posições, mas é sempre importante observar e analisar (comparando com os resultados anteriores) o que essas cidades têm feito para se manterem no pódio! Vamos à lista?
Cidades mais seguras de 2019:
- Tóquio | Japão
- Singapura
- Osaka | Japão
- Amsterdã | Holanda
- Sydney | Austrália
- Toronto | Canadá
- Washington DC | Estados Unidos
- Copenhague | Dinamarca
- Seul | Coreia do Sul
- Melbourne | Austrália
Em alguns desses lugares, cuspir no chão chega a ser, literalmente, contra a lei. Em outros, você pode tranquilamente largar a sua bolsa com todos os seus pertences na mesa de um café enquanto entra para fazer seu pedido no balcão, pois quando voltar vai encontrá-la no mesmo lugar, intocada. Esses são apenas dois exemplos simples de uma realidade que parece coisa de outro mundo, mas não é.
Leis rígidas e policiais bem remunerados fizeram a segurança aumentar em Singapura. O investimento na melhoria de calçadas e cruzamentos, acredite, foi um grande incentivo para que as pessoas passassem a andar mais a pé em Sydney, e a grande ocupação dos espaços públicos pela população é um dos fatores que inibem atos criminosos. Já em Estocolmo, na Suécia, o plano de iluminação do centro nos meses de inverno, juntamente à luz natural da cidade, foi crucial para intensificar a sensação de segurança nos lugares abertos. O Japão, por sua vez, tem os grandes investimentos em educação e infraestrutura apontados constantemente como o principal motivo do seu alto índice de desenvolvimento, o que contribui diretamente para que a sua capital, a maior metrópole do mundo, permaneça no topo da lista de cidades seguras. Há anos a segurança é colocada como uma prioridade de longo prazo no governo de Tóquio, por isso os resultados não podiam ser outros.
Tudo isso deixa nítido que medidas isoladas não fazem efeito, mas atitudes em cadeia: leis com aplicabilidade fiscalizada, ideias progressistas, respeito às diferenças, organização, o gosto pela constante evolução e o reconhecimento da importância de investimentos na base são os pontos específicos que unem as 10 cidades, apesar de suas diferenças, no ranking Safe Cities Index.
Um planejamento básico, com foco em estratégias pensadas para as necessidades de cada local, inspira mudanças desde as comunidades e bairros de cidades pequenas, pelo efeito causado por um patrulhamento comunitário e pela garantia do acesso à educação, por exemplo, até as megalópoles. E não precisa de muito para começar. Políticas públicas inovadoras, aliadas a uma gestão urbana bem executada e à conscientização da população, são as responsáveis por desempenharem, juntas, um papel fundamental na definição da qualidade de vida dos moradores de todas as cidades do planeta.
E você, se sente seguro na sua cidade?